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Dry Needling e indicações para o desempenho de atletas.

O agulhamento seco envolve a inserção de uma agulha em tecido mole, incluindo pele, tendões e músculos para tratar a dor, perda de movimento ou disfunção muscular com o objetivo de melhorar a função. Existem várias técnicas de agulhamento, incluindo a inserção da agulha no músculo por um período de tempo, a manipulação da agulha, por exemplo, através da pistonagem, ou a indução de contrações musculares com a associação da estimulação elétrica.

Ao se realizar a introdução da agulha é desejável a “resposta de contração muscular”. O agulhamento leva a alterações nos mecanismos de função muscular, tais como, a sinalização mecânica, a remodelação do citoesqueleto de fibroblastos e a mecanotransdução. Evidências também sugerem que o agulhamento pode causar alterações bioquímicas relacionadas à dor e à inflamação, melhorando o fluxo de sangue, o que poderia influenciar na produção de força.

Evidências no Desempenho e no Esporte

O melhor desempenho esportivo está ligado a um aumento da força, resistência, potência e flexibilidade muscular. Esses se relacionam diretamente a um maior controle muscular e à prevenção de lesões. Estudos sugerem que os pontos-gatilho miofasciais podem interferir negativamente prejudicando o desempenho muscular. Nesse contexto, o dry needling aplicado no músculo poderia gerar uma resposta neurofisiológica que alteraria a produção de força.

Estudos demonstraram melhora de força isométrica dos músculos da cervical ao se combinar o dry needling e o alongamento, quando comparado ao alongamento sozinho. Outro estudo demonstrou melhora da força isométrica em extensores do punho após agulhamento em comparação ao grupo controle. Em membros inferiores, também foi demonstrada uma maior resistência dos músculos extensores do joelho no grupo dry quando comparado com o grupo placebo e controle.

No entanto, uma recente revisão sistemática não demonstrou o papel do dry needling na alteração da produção de força em indivíduos com síndrome do túnel do carpo, osteoartrite, entorses de tornozelo, ou em indivíduos submetidos à artroscopia do joelho e em casos de dor muscular tardia do bíceps braquial.

Em indivíduos atletas, um estudo de 2017 comparou os efeitos do agulhamento sobre a capacidade de realizar um salto vertical em indivíduos randomizados em dois grupos: o grupo que recebeu o agulhamento seco e o grupo que recebeu um tratamento simulado. O grupo dry needling recebeu agulhamento em quatro locais nos músculos gastrocnêmios bilateralmente; dois na cabeça medial e dois na cabeça lateral. O grupo placebo tinha as quatro áreas do músculo gastrocnêmio pressionadas com o tubo que abriga a agulha, mas sem a inserção da agulha. O grupo de agulhamento seco aumentou significativamente a altura do salto vertical em relação ao placebo. Uma única sessão de agulhamento seco foi eficaz em melhorar de forma imediata a altura do salto vertical em adultos jovens saudáveis.

Em um estudo com jogadores de futebol, o agulhamento foi avaliado como terapia adjunta em indicações clínicas como em casos de dor no joelho, ombro, coluna, cotovelo e pós-operatório. As evidências científicas apontam para a eficácia da acupuntura/agulhamento em entorses de tornozelo. Os autores  sugerem o papel do dry needling como uma opção emergente para o tratamento de pontos-gatilho miofasciais o que poderia resultar em prevenção de lesões musculares e em aumento do desempenho muscular.

Outro estudo randomizado e controlado com 30 jogadores de futebol juvenil de um clube profissional investigou os efeitos de quatro sessões semanais de agulhamento e digitopressão sobre a força muscular da coxa e alcance de movimento de flexão do quadril. Os resultados apontam para o papel do dry needling na melhora significativa da resistência muscular dos extensores de joelho após o tratamento e nas 4 semanas seguintes, e em flexores do joelho ao final do tratamento em comparação ao início da sessão. Também foi observada uma melhora significante da resistência e amplitude de flexão do quadril quando comparado ao placebo e controle, que persistiu no decorrer das 4 semanas. Além disso, foi obervado um efeito significativo na força máxima dos extensores do joelho em até 4 semanas após o tratamento em jogadores de futebol de elite.  Além disso, durante o resto da temporada, as lesões musculares foram menos freqüentes no grupo dry needling em comparação ao grupo controle.

Autor(a): Doutora em Ciências da Saúde pela UNIFESP Renata Luri – Clínica La Posture

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